terça-feira, 4 de julho de 2017

A CONQUISTA DO PLANETA DOS MACACOS (1972)


Muito boa noite!

Mais um capítulo da saga dos macacos!

Ficha técnica:
A Conquista do Planeta dos Macacos
Título Original: Conquest of the Planet of the Apes
Ano de Lançamento: 1972
País: EUA
Direção: J. Lee Thompson
Produção: Arthur P. Jacobs
Roteiro: Paul Dehn
Gênero: Ficção Científica
Elenco: Roddy McDowall, Don Murray, Ricardo Montalbán, Natalie Trundy, Hari Rhodes, Severn Darden
Orçamento: US$1.700.000,00
Receita: US$9.700.000,00
Companhias Produtoras: APJAC Productions
Música: Tom Scott
Distribuição: 20th Century-Fox

Nossa nota: 4/5

Enredo:
América do Norte, 1991. Há oito anos, um vírus trazido acidentalmente do espaço por astronautas mata todos os cães e gatos do planeta. Sem seus habituais animais de estimação, a humanidade volta seus olhos para os macacos. Dentro das casas das pessoas, estas percebem que os macacos são bastante inteligentes, imitando várias ações feitas pelos humanos, como varrer, lavar louça, servir as mesas, etc. Logo, o que era uma relação de dono e mascote, vira uma relação de senhor e escravo. A população de macacos aumenta consideravelmente, ao ponto do governo (de um aparente estado totalitário) criar um comando central para gerenciar os símios, bem como vigiar também as pessoas. A essa realidade, Armando (Ricardo Montalbán) apresenta Cesar (Roddy McDowall), o chimpanzé filho de Cornelius e Zira, mortos há dezoito anos. Armando está na cidade para distribuir panfletos de seu circo, onde Cesar anda a cavalo. Armando pede que Cesar se comporte como um chimpanzé comum, já que a existência de um descendente dos macacos inteligentes que vieram do futuro colocaria em risco a vida de ambos. Cesar fica horrorizado com os maus-tratos a que os macacos são submetidos, onde, enquanto distribuem os panfletos, conhece uma chimpanzé chamada Lisa (Natalie Trundy), por quem acaba nutrindo um sentimento. Durante uma manifestação onde um macaco é espancado por policiais, ele não se contém e brada de raiva. Armando logo assume a culpa, mas Cesar foge, o que acaba despertando a desconfiança ainda maior dos policiais. Armando encontra Cesar e lhe diz que vai à justiça se explicar, e pede que o chimpanzé o espere em um local retirado. Caso ele não voltasse, Cesar deveria se misturar a outros macacos para não ser encontrado, e é o que acontece. Ele se infiltra em um carregamento de orangotangos e, logo que chega na cidade é posto à venda em um leilão, onde é comprado pelo governador Breck (Don Murray). Este o incita a escolher seu nome aleatoriamente em um livro, ao que Cesar escolhe seu próprio nome. A seguir, é posto para trabalhar pelo assessor do governador, MacDonald (Hari Rhodes), que simpatiza com os macacos, o que desagrada ao governador. Enquanto isso, Armando é interrogado pelo inspetor Kolp (Severn Darden), que tem fortes suspeitas de que Cesar é mesmo o filho de Cornelius e Zira, o que Armando refuta a todo instante. Concluído o processo, Armando só precisa assinar um documento onde constam todas as suas alegações. Depois disso, é posto no “autenticador”, um dispositivo que força as pessoas a dizerem a verdade. Ao ser questionado se essa foi a primeira vez que ouviu o nome Cornelius, Armando é forçado pela máquina a dizer que não. Como o fato foi amplamente divulgado na época, era possível que ele já tivesse ouvido o nome. Quando Kolp tenta continuar o interrogatório, Armando tenta fugir, mas ao ser impedido pelos policiais, se joga pela janela, caindo para sua morte. Nos subsolos, Cesar vê horrorizado a extrema violência com a qual os macacos são disciplinados e, ao saber da morte de Armando, cria um sentimento de ódio e revolta contra os humanos. Então, começa secretamente a recrutar os macacos para uma revolta, os quais roubam apetrechos como facas e armas para poderem lutar. Kolp descobre que o carregamento que trouxe Cesar estava errado, já que não existem chimpanzés em Bornéu. Breck descobre que o macaco “extra” é Cesar e manda a MacDonald que o entregue a Kolp, mas em vez disso, o protege. Cesar se revela a MacDonald, afirmando que a única maneira de se libertarem da escravidão a que foram submetidos é através da revolução, ao que MacDonald o deixa fugir. Kolp procura por Cesar, e como MacDonald alega não saber onde ele está, a ordem é que todos os macacos desacompanhados sejam presos. Cesar é capturado e torturado com choques até que clama por piedade. Sabendo que em seguida ele seria morto, MacDonald secretamente diminui a potência da máquina de choques a níveis não-letais. Após fingir-se de morto, Cesar mata seu torturador e escapa. À noite, ele e os demais macacos começam a revolução. Após matarem vários homens da tropa de contenção, invadem o posto de comando dos macacos e capturam Breck, o levando para praça pública para ser executado. MacDonald, cujos antepassados foram escravos, clama a Cesar que seja piedoso com seus antigos mestres. Com muita raiva, faz um bravo discurso onde exalta a superioridade dos macacos, colocando os humanos como seus escravos: “Onde há fumaça, há fogo. E é nesta fumaça, deste dia em diante, que meu povo irá se reunir, conspirar e planejar até chegar o dia inevitável da derrota do homem! O dia em que ele se auto-destruirá, virando suas armas contra os da sua espécie, o dia em que suas cidades estiverem enterradas sob a poeira radioativa. Quando os mares estiverem mortos e a terra despedaçada, então eu estarei aqui para liderar o meu povo à vitória total! E construiremos nossas próprias cidades, onde nunca haverá lugar para humanos a não ser como escravos para nos servir! E teremos nossos próprios exércitos, nossa própria religião, nossa própria dinastia, e este dia está chegando para você, AGORA!” Ele então ordena que matem Breck, mas Lisa pede que não o mate, sendo a primeira macaca a falar depois de Cesar. Este então profere: “Por enquanto vamos colocar de lado a nossa ira. Vamos descansar as nossas armas. Já atravessamos a longa noite. E aqueles que eram nossos senhores, são agora nossos servos. E nós, que não somos humanos, podemos agir como tais. O destino é a vontade do Criador. E se o destino do homem é ser dominado, é vontade do Criador que ele seja dominado com compaixão e compreensão. Portanto, abandonem os desejos de vingança. Esta noite, presenciamos o nascimento do planeta dos macacos!”

Desenvolvimento e produção:
O diretor J. Lee Thompson já tinha interesse em dirigir um filme da cinessérie de Planeta dos Macacos, desde que foi convidado por Arthur P. Jacobs para dirigir o primeiro filme, em 1967. Thompson inclusive chegou a participar dos primeiros estágios da produção, mas precisou sair devido a conflitos de agenda, dando o lugar a Franklin J. Schaffner. Thompson quis mostrar a discrepância entre humanos e macacos com as cores: enquanto os humanos usam roupas pretas e de outras cores “mornas”, os macacos usam roupas coloridas.
O roteiro, escrito por Paul Dehn, incorpora elementos dos conflitos raciais que estavam acontecendo na época nos EUA, e isso ficava ainda mais gritante em algumas cenas que Thompson gravou propositalmente como se fossem transmissões de televisão.
O filme teve locações no distrito financeiro de Century City, em Los Angeles, cujos prédios monocromáticos mostravam um futuro sombrio. O produtor de TV Irwin Allen contribuiu com roupas, acessórios, móveis e vários adereços de suas produções para serem usados no filme. Os computadores e armários do posto de comando dos macacos, por exemplo, eram usados na série de TV Túnel do Tempo.
O corte original de A Conquista do Planeta dos Macacos terminava com Breck sendo assassinado brutalmente pelos macacos, além de deixar transparecer que o ódio dos macacos pelos humanos nunca terminaria. Porém, após uma exibição teste alguns meses antes da estreia do filme, os comentários negativos em relação à extrema violência gráfica fizeram com que os produtores regravassem o final, mesmo que o orçamento não permitisse. Roddy McDowall gravou um complemento para o discurso de Cesar, que precisou ser encaixado com truques de edição. Enquanto o discurso é proferido, o que se vê, principalmente, são os olhos de Cesar, enquadramento aproveitado de uma cena onde ele não fala nada (por alguns poucos segundos, se pode ouvi-lo falando sem mexer a boca). Os gorilas desistindo de matar Breck era na verdade a mesma cena onde eles levantavam seus rifles reproduzida ao contrário (pode-se perceber isso vendo a fumaça, ao fundo, descendo em vez de subir). O final original, bem como várias outras cenas dos macacos sendo espancados, foi restaurado e disponibilizado como material extra no Blu-ray do filme.
Este é o único filme da franquia a não ter uma cena pré-título, mas o roteiro original continha uma sequência noturna onde um macaco é morto pela polícia, que descobre que ele estava coberto de hematomas resultantes de maus tratos. Em uma cena do filme, o governador Breck fala de “um macaco” que atacou seu dono, ao que MacDonald rebate dizendo que o macaco fugiu porque estava sendo maltratado. Uma adaptação para quadrinhos produzida na época, pela Marvel Comics, continha essa cena, já que se baseava no roteiro, não no corte final do filme. O Blu-ray não contém essa cena, o que leva a crer que não foi apenas cortada, mas sequer filmada.

Nossa opinião:
O que dizer desta mediana quarta parte da franquia de Planeta dos Macacos? Desnecessária. Não ruim, mas desnecessária. Uma tentativa de tirar mais leite desta vaca que a Fox tinha em mãos.
Na pressa de lançarem mais um filme, cerca de um ano depois do anterior, o roteiro foi escrito de maneira descuidada, deixando vários furos e coisas sem explicação, e quando há explicações, foram tiradas sabe-se lá de onde sem ir a lugar nenhum. Por exemplo, que raio de vírus é esse que mata apenas e tão somente cães e gatos – espécies que não possuem qualquer ligação uma com a outra? Que necessidade o ser humano tem de possuir animais de estimação para poder viver? E caso quisessem, por que não optaram por animais menores e mais comuns, como hamsters, coelhos, papagaios, calopsitas ou mesmo galinhas? Por que macacos, que são grandes e dão muito mais despesas? Aliás, os símios nesse filme estão muito distantes de suas contrapartes da vida real. Chimpanzés e gorilas do mesmo tamanho? Por que eles andam quase eretos? Por que quase não se vê orangotangos, já que o próprio Cesar se infiltra num carregamento dessa espécie? Os macacos já possuem alguma predisposição genética que os permitiria desenvolver a fala?
O que também não é explicado é como a “América do Norte” acabou por se transformar em um Estado totalitário, onde pessoas e macacos são vigiados a todo instante – mais os macacos, por sinal. Aliás, é incrível a maneira como a sociedade e o governo se apoiam nos símios, ao ponto do governo criar um posto de comando apenas para administrar os macacos. Um outro furo gritante é a mudança sem pé nem cabeça do nome do personagem principal: no filme anterior era Milo; aqui, sem qualquer explicação, vira Cesar. Por causa do orçamento miserável do filme – o menor da franquia até então – os figurinos e vários itens de cenário foram tomados emprestados de séries de TV da época, como Túnel do Tempo. Cabe destacar, porém, que o reboot da série, Planeta dos Macacos - A Origem (Rise of the Planet of the Apes),de 2011, teve ligeira inspiração neste filme.
Pontos elogiáveis na fita são as atuações. Don Murray com seu governador Breck compõe um vilão odioso, em especial na sádica sessão de tortura que ele impõe a Cesar. Ricardo Montalbán retorna como Armando, tendo este criado Cesar desde pequeno em seu circo. Hari Rhodes e Severn Darden estão bem também, mas Natalie Trundy, em sua terceira participação nos filmes, não parece ter achado o tom de sua personagem, a chimpanzé Lisa. Quem rouba a cena, porém, é Roddy McDowall, agora interpretando o filho de Cornelius e Zira, Cesar. Sua atuação é simplesmente brilhante, conseguindo dar profundidade e expressão para o personagem.
O mais lamentável talvez tenha sido o final exibido nos cinemas, que precisou ser feito a toque de caixa, já que uma audiência preliminar desaprovou a violência da conclusão original, onde Breck seria brutalmente assassinado. O novo final, além de ter poupado a vida de Breck, ainda abriu brecha para que os humanos pudessem viver em certa harmonia com os macacos, o que será visto no post sobre o quinto e último filme da franquia original. Aguarde!

Fique agora com algumas imagens!


































































































Pôster original de cinema


Fotos de bastidores:










Com o diretor, J. Lee Thompson

Natalie Trundy e Hari Rhodes








Página na Wikipédia (em inglês)
Críticas e análises
Vortex Cultural

Nenhum comentário:

Postar um comentário