Muito boa noite!
E chegamos, enfim, ao último capítulo da saga dos macacos!
Ficha
técnica:
Batalha do
Planeta dos Macacos
Título Original: Battle for the
Planet of the Apes
Ano de
Lançamento: 1973
País: EUA
Direção: J.
Lee Thompson
Produção: Arthur
P. Jacobs
Roteiro: Paul
Dehn, John William Corrington, Joyce Hooper Corrington
Gênero: Ficção
Científica
Elenco: Roddy McDowall, Claude
Akins, Natalie Trundy, Austin Stoker, Bobby Porter, Paul Williams, Severn
Darden, Lew Ayres, Noah Keen, France Nuyen, Paul Stevens, John Huston
Orçamento:
US$1.700.000,00
Receita: US$8.800.000,00
Companhias
Produtoras: APJAC Productions
Música: Leonard
Rosenman
Distribuição:
20th Century-Fox
Nossa nota: 4/5
Enredo:
O filme
começa no ano de 2670, onde somos apresentados ao orangotango Legislador (John
Huston) que conta a história de Cesar (Roddy McDowall) nos primeiros anos de
seu domínio, que estabeleceu a sociedade símia dominando os humanos
remanescentes de uma violenta guerra nuclear. Os eventos narrados ocorrem
aproximadamente dez anos depois dos eventos do filme anterior. Nessa sociedade
pós-guerra, os macacos ainda vivem em uma certa harmonia com os humanos, que
são agora praticamente escravos dos símios, vivendo sob rígidas leis impostas
por Cesar. Cesar também exige que os macacos aprendam a escrever, estando sob
os ensinos do professor humano Simão (Noah Keen). Entre eles estão Cornelius
(Bobby Porter) filho de Cesar e Lisa (Natalie Trundy), e o general Aldo (Claude
Akins). Lá, os macacos são ensinados sobre a máxima lei “símio não matará
símio”. Aldo não concorda que os gorilas, que assim como ele, são soldados,
precisem aprender a escrever. Suas atitudes em aula fazem Simão lhe dizer a
palavra “não”, terminantemente proibida por Cesar de ser dita a um macaco, enquanto
que um macaco pode dizer a um humano – isso porque era a palavra mais ouvida
pelos macacos nos tempos de escravidão nas mãos dos humanos. Aldo e os outros
gorilas perseguem Simão, que é defendido por Cesar e pelo sábio orangotango
Virgil (Paul Williams). Porém, Cesar lamenta não ter conhecido seus pais, os
quais poderiam lhe contar a respeito do futuro do mundo, que Cesar não acredita
que terminaria em uma destruição. Então, seu braço-direito MacDonald (Austin
Stoker) lhe fala sobre as gravações de Cornelius e Zira feitas pelo governo
americano, que estão arquivadas no subsolo da antiga cidade, devastada pela
guerra nuclear. Isso enche Cesar de alegria, que quer ir até lá para ver isso
tudo de perto. Então, Cesar, MacDonald e Virgil partem para lá levando armas,
visto que mesmo que os escombros da cidade estejam tomados por radioatividade,
ainda pode haver pessoas vivendo no lugar. E é nesse lugar desolado que vivem
os humanos mutantes afetados pela radiação, sob o comando do governador Kolp
(Severn Darden) e seus ajudantes Alma (France Nuyen) e Mendez (Paul Stevens).
Cesar, MacDonald e Virgil assistem às gravações e precisam sair de lá antes que
a radiação lhes faça mal. Porém Kolp, pensando que eles estão lá para espionar,
ordena que os outros mutantes os matem, mas eles conseguem escapar. Pensando
que voltariam lá para matá-los, Kolp manda sentinelas irem atrás do trio e
descobrem a cidade dos macacos. Cesar convoca os demais macacos em conselho e
lhes conta sobre a cidade proibida, os mutantes e sua hostilidade, e conclama a
todos para se prepararem caso um dia sejam invadidos por eles. E, de fato, ao
saber da localização da cidade dos macacos, Kolp e os mutantes começam a se
preparar para a guerra. Durante a noite, o pequeno Cornelius segue seu esquilo
de estimação pelo lado de fora da casa, e inadvertidamente, encontra Aldo e
seus subordinados tramando um plano para exterminar os humanos e tirar Cesar do
poder. Quando nota Cornelius em cima de uma árvore, Aldo começa a cortar o
galho onde o menino está pendurado, e este cai, ficando inconsciente. Amanhece
o dia, e os mutantes avançam a caminho da cidade dos macacos, atacando dois
sentinelas no caminho. Cornelius está muito mal, sem esperança de se salvar, o
que deixa Cesar sem chão e sem sair de perto de seu filho. Virgil lamenta o
incidente com MacDonald, que conta que descobriu que o galho não quebrou, mas
foi cortado. Aldo invade o conselho e, sem Cesar por perto, manda que todos os
humanos sejam levados aos currais, enquanto prepara seu exército para a
iminente batalha. Virgil conta a Cesar que Aldo está no comando, mas Cesar se
recusa a sair de perto do filho. Em seu leito de morte, Cornelius conta que
alguém o machucou e que querem machucar Cesar, e em seguida, morre. Os mutantes
chegam na cidade e logo começam a bombardeá-la. Enquanto avançam em direção da
cidade, os macacos montam barricadas e abrem fogo contra os mutantes. Com os
invasores avançando, os macacos recuam para a cidade, onde Kolp e os outros
conseguem chegar, encontrando toda a população morta. Depois de subjugar Cesar,
Kolp e os mutantes são surpreendidos pelos macacos, que estavam se fingindo de
mortos. Vários mutantes são feitos prisioneiros, mas Kolp e alguns poucos
escapam, mas ao saírem da cidade são emboscados por Aldo e os gorilas, que não
poupam ninguém. Na cidade, Cesar pede que os humanos sejam libertados, mas é
confrontado por Aldo, que ameaça matá-lo caso seja necessário. Virgil então
lembra da mais sagrada lei dos macacos, “símio não matará símio”, e, na frente
de todos, entrega Aldo como responsável pelo acidente que vitimou Cornelius.
Cesar o persegue até o alto de uma árvore, de onde Aldo cai e morre. Cesar
então divaga com MacDonald que acredita que seja possível que macacos e humanos
possam sim viver amigavelmente, e certo de que o futuro é feito por nós mesmos
a cada dia. O filme termina, então, com o Legislador, que é mostrado contando
essa história, seiscentos anos depois, tanto para crianças humanas como para
símias. Vemos então uma estátua de Cesar, de cujo olho escorre uma lágrima.
Desenvolvimento
e produção:
O roteirista
Paul Dehn, que escreveu os três filmes anteriores, foi novamente contratado
para escrever esta última parte, mas retirou-se antes de terminar para cuidar
de sua saúde (veio a falecer pouco mais de um ano depois, em 1974). Foram então
chamados os roteiristas John William Corrington e Joyce Hooper Corrington, que
tinham ganhado popularidade com o roteiro de A Última Esperança da Terra, mas
não tinham nenhuma experiência com ficção científica. Para piorar, o casal até
então não tinha visto nenhum dos filmes anteriores. Dehn foi então chamado para
revisar o roteiro. Reescreveu 90% dos diálogos e também alterou o final, que
originalmente mostraria crianças humanas e símias se desentendendo e brigando.
Com essas alterações, clamava para si o crédito como roteirista, mas o
sindicato responsável decidiu a favor do casal Corrington como únicos
creditados pelo roteiro. Além disso, o diretor J. Lee Thompson não estava
contente com o roteiro do filme, além do orçamento, que se fosse maior poderia
ter um filme muito melhor produzido. Foi também o penúltimo filme produzido por
Arthur P. Jacobs, que veio a falecer menos de duas semanas depois da estreia do
filme.
Nossa
opinião:
No capítulo
final dessa excelente saga, ela mostra os sinais de seu desgaste. É uma laranja
que foi espremida até não haver mais nem uma gota de suco. Apesar do filme
finalizar a saga de forma que ela faça sentido, algumas coisas dentro do filme
não foram muito felizes – talvez por ter sido escrito primeiro por um casal que
nunca tinha visto os outros filmes. Por exemplo, passam-se apenas dez anos
entre o filme anterior e este, e é incrível como os macacos já possuíam uma
comunidade estruturada, com seus habitantes falando fluentemente. Mesmo dentro
do universo dos filmes isso parece meio forçado... Embora todos ali tentassem
fazer o melhor que podiam, o roteiro não ajudava grande coisa. Cesar não tinha
tanto pulso firme como no filme anterior, o que nos faz pensar que com a
brandura que tem aqui, não teria conseguido fazer a revolução que fez. O
célebre diretor John Huston faz uma ponta aqui como o Legislador, uma espécie
de profeta dos macacos. É ele quem conta a história do filme, ocorrida há
seiscentos anos, o que pode explicar que algumas coisas que ele conta “não
devem ter sido bem assim.” Teve ainda a substituição de atores no papel de
MacDonald, com a desculpa esfarrapada de que Austin Stoker interpreta um irmão
do MacDonald do filme anterior.
Batalha tem ligações diretas com o
segundo filme, De Volta ao Planeta dos
Macacos, pois mostra também a origem dos humanos mutantes que vivem no
subterrâneo. Essa ligação fica ainda maior com uma cena cortada da edição para
cinema, mas exibida nas reprises de TV, onde mostra a bomba total, venerada
pelos mutantes no futuro. Na cena em questão, Kolp queria atirá-la contra a
cidade dos macacos, mas é impedido por Mendez.
Com o menor
orçamento da franquia, fica evidente a tentativa da Fox de lucrar muito com
pouco investimento. O orçamento era tão baixo que o diretor, J. Lee Thompson,
sentiu que o filme poderia ter sido melhor se não tivessem enxugado tanto o
investimento. Isso fica evidente na cena que deveria ser a mais impactante do
filme: a batalha. Do lado dos mutantes, há uma meia dúzia de figurantes contra
dezenas de macacos, e mesmo com essa desvantagem em número, conseguem invadir a
cidade. O final emblemático mostra uma estátua de Cesar chorando, provavelmente
por saber que o futuro será realmente amargo. Em resumo, se não fosse parte de
uma das franquias mais queridas do cinema, Batalha
seria facilmente um filme esquecível.
Considerações
sobre a franquia:
Apesar dos
pesares, Planeta dos Macacos é uma
das sagas mais queridas do cinema, tendo sido uma inovação tanto pelo roteiro,
como pela maquiagem e também pela trilha sonora. Talvez o único erro tenha sido
não dar tempo para o público sentir saudades e ter vontade de ver novos filmes,
já que em um período de seis anos (1968 a 1973) foram feitos cinco filmes.
Aliás, essa é uma característica desses filmes: não dá pra ver apenas um. Tão
logo se vê o primeiro deles, se quer logo ver os demais, porque a história é
sim, contagiante e instigante.
Uma outra
característica que se sobressai é a dependência que esses filmes tem uns em
relação aos outros. Não se pode ver os filmes isoladamente, pois vai sempre
faltar alguma coisa. Isso sem contar os detalhes, que podem ser percebidos com
olhares mais atentos. Por exemplo, no começo do primeiro filme, Taylor menciona
no seu discurso um tal Dr. Hasslein, que aparece no terceiro filme. No segundo
filme, vemos os mutantes que vivem no subterrâneo, que são descendentes dos
mutantes vistos no quinto filme. Ainda, os vemos entoando um hino de louvor à
bomba chamado “Mendez II”. O assistente de Kolp no quinto filme se chama
Mendez, e provavelmente ficou em seu lugar quando Kolp foi morto. Sendo assim,
temos um paradoxo que deixa qualquer filósofo orgulhoso: se Cornelius e Zira
não tivessem voltado ao passado e deixado seu filho, o Planeta dos Macacos não
existiria – e se este não existisse, Cornelius e Zira jamais teriam voltado
para o passado e deixado seu descendente para dar início ao futuro de onde eles
vieram. Complicado, não?
Além dos
cinco filmes originais, a franquia ainda originou uma série de TV em 1974, uma
série animada em 1975, um remake em
2001 dirigido por Tim Burton e também um reboot
em 2011, que deu origem a uma nova série de filmes, com o terceiro estreando
agora em agosto nos cinemas. Além, é claro, da campanha "Go Ape!", que chamava para maratonas dos cinco filmes em sessões de cinema, em 1973. Porém, nenhuma nova produção conseguirá tirar o
brilho dessas pioneiras obras, que já tem seu nome marcado na história do
cinema.
Pôster da campanha "Go Ape!", que chamava para maratonas dos filmes nos cinemas. |
Cenas deletadas, onde se vê a "bomba total":
Pôster original de cinema |
Fotos de bastidores:
Roddy McDowall, Bobby Porter e Natalie Trundy |
Arthur P. Jacobs e Natalie Trundy |
Noah Keen e Bobby Porter em cena |
O diretor J. Lee Thompson e equipe |
John Huston e Arthur P. Jacobs |
Roddy McDowall e Arthur P. Jacobs |
Bobby Porter, J. Lee Thompson, Austin Stoker, Noah Keen, Roddy McDowall e Claude Akins |
Críticas e
análises
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